Vivemos numa era em
que o conhecimento assume novas configurações. Ele se modifica permanentemente,
sendo atualizado dia-a-dia pelas descobertas das ciências e por essa
inteligência coletiva que produz saberes em conjunto, na grande rede do
ciberespaço. A memória da humanidade já não está confinada nas bibliotecas, mas
sim em contínua reconstrução. Nesse contexto, a capacidade de gerenciar a
informação se torna, muitas vezes, a competência mais valiosa.
Nesse cenário, a tarefa
do pedagogo também se modifica e sua profissão se torna estratégica. Ao
contrário de outras áreas que perdem seu espaço ou são limitadas pela
especialização, para o pedagogo abre-se um raio de atuação cada vez
maior.
Nas escolas e
universidades, o pedagogo (neste caso identificado também com o professor)
começa a assumir um novo perfil. A tecnologia não permite que se sustente mais
o mestre-transmissor de conteúdos - isso pode ser feito, a partir de agora, por
softwares interativos mais completos, abrangentes e dinâmicos. Mas cabe ao novo
professor atuar de uma forma muito mais importante, como uma espécie de
arquiteto cognitivo, projetando os caminhos que os estudantes deverão percorrer
na grande rede hipertextual que é o currículo hoje. Além disso, ele precisa ser
um dinamizador de grupos, responsável não mais por formar alunos isoladamente,
mas por constituir comunidades de aprendizagem capazes de desenvolver projetos
em conjunto, se comunicar e aprender colaborativamente.
Também fora dos
âmbitos estritamente acadêmicos o pedagogo assume novas funções. A educação à
distância ajuda a superar barreiras como espaço e tempo, disseminando-se em
locais em que as pessoas não teriam acesso ao estudo; mas para que haja
processos educacionais realmente inovadores, é fundamental o trabalho de
desenhistas instrucionais, nova área que articula saberes da Pedagogia, da
Comunicação e da Linguística para gerar arquiteturas de navegação que favoreçam
a aprendizagem significativa. Não há, hoje, equipes de educação à distância de
qualidade que prescindam destes profissionais.
Nas empresas, a
necessidade de manter a competitividade no mercado exige desenvolver sempre
novas competências nos funcionários. Nesse campo, a tarefa do pedagogo é
crucial, colaborando não só nos processos de capacitação em serviço, como
também na avaliação permanente que permita diagnosticar as novas necessidades
em função de cada contexto e os meios para gerá-las mais rapidamente nos grupos
de trabalho.
A mundialização faz
com que o movimento do turismo e o deslocamento de pessoas entre territórios
cresçam em proporções nunca vistas. Também aí, cada vez mais grupos são
orientados em suas viagens por guias que trabalham em conjunto com pedagogos,
desenvolvendo uma espécie de turismo educacional, no qual os visitantes não
apenas conhecem exteriormente novos lugares, mas se beneficiam de estratégias
didáticas que os levam a aprender sobre o multicultural e a valorizar os
saberes de cada contexto, criando - em especial em crianças e jovens – uma perspectiva
de diálogo e abertura à diversidade e uma consciência ecológica mais
profunda.
Algo semelhante
ocorre nos museus, em cujas equipes encontramos hoje a figura do pedagogo,
chamado a colaborar na formação de um olhar histórico e crítico sobre a realidade
e na construção da memória cultural, criando estratégias que ajudem crianças e
jovens a entender esses espaços como instâncias educacionais e articulando o
que veem neles com a sua própria subjetividade e com a identidade
nacional.
Em países democráticos,
nos quais cresce o envolvimento popular na solução dos problemas, o papel do
pedagogo também é decisivo. Por um lado, na formação de líderes comunitários
que aprendam a exercer o poder como serviço, e fazendo nascer em cada cidadão o
compromisso político da participação e da mudança. Ao mesmo tempo, as diversas
ações que se desencadeiam a partir desses espaços - como, por exemplo, na área
da saúde, com o grande número de voluntários que, em comunidades engajadas,
colaboram em movimentos de conscientização sobre profilaxia e prevenção de
doenças e epidemias. A tarefa do pedagogo é capacitar estes grupos para
desenvolverem seu trabalho de uma forma didática e adequada à linguagem e às
necessidades das populações que pretendem atingir.
Por fim, num momento
em que tantas dúvidas ainda pairam sobre questões que derivam dessa sociedade
em que o conhecimento não cessa de ser gerado e modificado - clonagem, papel
das ciências, autoria e plágio na Internet, sites de conteúdo duvidoso, entre
outras tantas - o pedagogo tem ainda uma importante missão ao impregnar todo o
seu trabalho de valores humanistas. Embora esta não seja uma prerrogativa do
pedagogo, será decisiva a sua ação no plano de uma educação para a ética,
colaborando na formação de pessoas comprometidas com a promoção da dignidade
humana e o bem-estar social e comunitário.
(Andrea Cecilia Ramal)
(Andrea Cecilia Ramal)
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